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ou desfrute do texto completo a seguir:

Você já parou para pensar o que faz de alguém ser o melhor do mundo no que faz?

Os convidados da sextaFilosofal, por exemplo? Atletas, empreenderes, escritores, chefs de cozinha, cientistas…?

O que faz de alguém um verdadeiro mestre em sua própria arte?

Durante as últimas semanas, a vida me presenteou com experiências maravilhosas  para relembrar o significado de maestria. Elas me trouxeram tamanha inspiração, que resolvi fazer algo inédito na sextaFilosofal: uma série de textos elaborando o tema profundamente. Esse é o primeiro deles.

Espero que esses textos lhe permitam fazer o “download” desse conhecimento, para que você desperte o mestre que já existe dentro de você. ;D

A primeira lição que tive foi com um pote de Ghee.

Para quem não conhece, o ghee é a essência da manteiga, resultado de um processo lento de purificação que remove os sólidos do leite e suas impurezas.

É considerado uma das melhores gorduras que o organismo pode ingerir, rico em omega 3, omega 9, e vitaminas A, D, E e K.

É amplamente utilizada na culinária Ayurveda (ciência médica da longa vida indiana) e descrito nas escrituras como um alimento que induz características sátvicas (de paz, harmonia e tranquilidade) no ser humano.

“O Ghee está escondido no leite, assim como o senhor divino na criação” – Rig Veda

Recentemente, fui na casa de uma amiga cozinhar e ela me apresentou o Ghee feito por uma empresa chamada Ancient Organics.

Eu abri a tampa do Ghee e um cheiro maravilhoso me tomou.

Era diferente de todo e qualquer ghee que já tinha provado: não tinha cheiro de gordura, nem de manteiga. A melhor analogia que pude fazer era de um “creme caramelado aveludado”.

Eu fiquei tão encantado que resolvi procurar mais.

Eu queria descobrir qual era a fórmula mágica por trás do “melhor ghee do mundo”.

A mestria por trás dele, os elementos, processo, produtos, pessoas por por trás de tamanha qualidade, precisão e encantamento.

Dessa vez, algumas buscas no oráculo Google me deram a resposta.

Começando pela manteiga:

A manteiga usada para fazer o Ghee da Ancient Organics é proveniente de vaquinhas soltas que se alimentam exclusivamente de pasto, o que faz com que ela seja rica em nutrientes como ácido linoleico e betacarotenos.

Sem antibióticos. Sem ração. Sem ambientes claustrofóbicos.

Apenas um grande campo, muito pasto e sol.

É tão simples que assusta.

Para o processo de purificação da manteiga, as panelas são aquecidas a fogo lento (ao contrário dos processo industriais em massa que usam vapor). Ao aquecer a manteiga, os resíduos sólidos do leite são separados, formando um líquido dourado que é o Ghee em si.

Quando chega ao ponto ideal, o líquido é coado com filtros de café, e depositado um a um, manualmente, em frascos pré-aquecidos (para evitar condensação).

Até ai…. beleza, processo padrão.

Já havia provado outros ghee orgânicos de manteiga de pasto livre, mas nenhum com tamanho sabor e riqueza.

A outra parte do “segredo” vem agora.

A Ancient Organics foi buscar nas escrituras do Ayurveda os elementos restantes:

O Ghee só é produzido em dias de lua cheia ou lua crescente, que amplifica as qualidades e o sabor do ghee. (É lógico pensar isso, não? 🤔 Se a Lua tem tamanha influencia em marés e oceanos, por que não teria no potinho de ghee? Em outros líquidos?)

A cozinha fica o tempo inteiro ao som de mantras, para proporcionar ao ambiente um estado de calma, tranquilidade, paz e harmonia (características sátvicas). O mesmo mantra que eles cantam está escrito em sânscrito em cada potinho:

O “melhor ghee do mundo” é uma combinação impecável de:

#1 amor

Minha mulher me disse algo muito sábio essa semana, que cabe como uma luva aqui:

“Um artista pode transformar qualquer sentimento em arte: seja a tristeza, paz, amor, raiva, ansiedade… o que for.

Mas… para cozinhar de maneira esplêndida, só é possível canalizar uma energia: o amor. ”

Se não tem amor, vira gororoba. Simples assim.

#2 simplicidade

A Ancient Organics se dedica exclusivamente a fazer o melhor ghee do mundo.

Ponto.

Sem distrações, sem outros produtos.

Todo mundo participa: os seres humanos, as vaquinhas no pasto, as caixas de som com mantras, as forças da natureza, o fogo lento e a energia e ciclo da lua.

Isso sim, é foco e otimização: empregar o melhor uso da energia de todos que participam em um grande ciclo para direcionar o foco com extrema simplicidade.

#3 princípios e valores

Os princípios e valores da Ancient Organics, traduzidos:

“Do solo bem nutrido e cuidado até a nossa comida e finalmente até nossos corpos, nós reconhecemos que tudo está interconectado.
A Ancient Organics quer reestabelecer a saúde de corpo, mente e terra conectando comunidades com seus produtores locais de comida.”

#4 disciplina, consistência

O mesmo produto.
O mesmo processo.
Os mesmos fornecedores de qualidade.
A mesma paixão.
A mesma disciplina.
A mesma consistência.
Repita.
De novo e de novo.
Sem fim.

#5 experiência

O melhor processo não basta. O processo pelo processo pode nos robotizar.

É o processo aliado à experiência, ao toque humano que faz a diferença.

A lua cheia, o som de mantras na cozinha, o pré-aquecimento dos potes para não condensar…. é a união do todo que faz a orquestra, a sinfonia, a experiência.

Cada detalhe, cada etapa é feita com tamanha intenção, tamanho carinho que o ghee quase que “nasce” sozinho.

É como se não existisse intenção de fazer o produto final.

O foco está no momento presente de cada tarefa, em dar importância para cada etapa da experiência.

#6 qualidade

A qualidade não está em ter o melhor apetrecho X, Y ou Z de cozinha. (o melhor blog, o melhor SEO, o melhor canal no YouTube, XXX mil likes no Facebook, o melhor MacBook… blá blá blá….eu eu eu…. me me me …..mimimi)

A qualidade está na origem da matéria prima para o Ghee, relação entre fornecedores de confiança, das pessoas que participam do processo, no ambiente que se cria, em manter a produção em pequenos lotes para garantir a excelência.

Dinheiro? Ninguém fala em dinheiro.

Escala? Ninguém fala em escala.

Negócios exponenciais? Ninguém fala em negócios exponenciais.

Dinheiro, escala, negócios exponenciais (de verdade) são consequência de um trabalho diário feito com dedicação, amor e carinho.

Dinheiro, escala, negócios exponenciais (de verdade) é um discurso lindo para o ego, mas não nutre o coração.

Quando senti o cheiro do Ghee e pesquisei mais sobre a Ancient Organics, aconteceu um processo curioso dentro de mim:

Na hora, o general crítico 👮 apareceu, com uma cobrança absurda: (lembra dele? da sexta passada?)

👮 “Temos que aplicar o mesmo padrão de qualidade nos produtos do Hack Life! Que história é essa? Cade o ciclo da lua? Cade os mantras?”

E como na outra vez, logo veio o clique libertador:

“Poxa, mas eu já faço tudo isso. Do meu jeito, mas faço.”

Toda a minha manhã é dedicada a fazer nascer o melhor dentro de mim, para fazer meu melhor trabalho.

Assim como o Ghee, depois do meu ritual matinal, o trabalho quase que sai sozinho. Eu só garanto estar nas melhores condições da minha natureza.

Uma sextaFilosofal muitas vezes é escrita em 25 minutos.

Ela simplesmente sai de dentro de mim. Mas esse “final” é uma consequência de toda uma preparação e estilo de vida que propiciam isso.

O Hack Weekend, nossa imersão presencial, sai de forma fluida. Nem parece que “trabalhei” durante o final de semana.

É uma experiência que preserva o ser humano que existe dentro de cada um e nossos níveis de energia.

Desenhamos o evento assim por que eu cansei de ir em “eventos” lindos maravilhosos de inovação, biohacking, empreendedorismo, isso e aquilo onde só existe histeria, barulho, distrações, e conexões superficiais.

Onde eu ficava sentado por 8 horas assistindo palestrantes sem parar em um ar condicionado setado na temperatura “polar” e sem espaço para esticar as pernas.

Onde eu passava stress para poder comer uma comida com gosto de isopor no almoço depois de ficar muito tempo na fila. Nas palestras da manhã, ouvia discursos lindos de inovação, sustentabilidade, mas na hora de comer serviam talheres de plástico e pratos de isopor (e a porra do garfo sempre quebrava….).

Onde meu ser implorava por descanso de corpo e mente depois do almoço e insistiam em tocar um techno forte e já começar com novas palestras em que mal conseguia absorver depois de comer aquela comida de difícil digestão.

O Hack Weekend nasceu dessa angústia. Aqui, fazemos questão de nutrir o ser em corpo, mente e alma durante toda a experiência.

Temos a missão de resetar seu estilo de vida e instalar novos bons hábitos em 2 dias, quebrando crenças limitantes e trabalhando conceitos incrivelmente complexos em um ambiente tão aconchegante e gostoso que mais parece a casa da sua vovó 👵 do que qualquer coisa.

Começamos às 7h com meditação e práticas leves de Yoga.

Nosso conteúdo é passado das 9h às 16h.

Ninguém fica sentado observando uma pessoa só: todos tem voz ativa. Sentamos em círculos, e você pode ficar de pé, sentado ou deitado: como se sentir confortável. Mantinhas para se cobrir? Sim, temos!

Às 12h30, pontualmente, almoçamos uma comida orgânica de produtores locais, feita com calma em um ambiente ao som de mantras. Esse é o melhor horário, de acordo com nosso ciclo circadiano para melhor sintetizar o alimento em energia.

Só voltamos o conteúdo às 14h00, para dar tempo de não só almoçar, mas também cochilar e melhor processar o conteúdo da manhã e o alimento que ingerimos.

A consequência disso? As pessoas saem transformadas.

Aprendem a canalizar ansiedade em proatividade. Aprendem a ficar presentes e conscientes durante o dia, não importa a hora ou lugar. Aprendem a desenvolver uma relação saudável com a tecnologia e redes sociais.

Por que aprender deixa de ser algo maçante, e passa ser uma experiência leve, simples, divertida e equilibrada.

🤔….
“Tá Renato… entendi…. mas como posso aplicar isso na minha vida hoje?”

Comece como eu: observe o general 👮.

Observe a voz dentro de você que insiste em procurar comparações para ser X, Y ou Z.

A voz que te cobra, que te flagela criando padrões inalcançáveis de exigência.

Quando conseguir identificá-la, gentilmente agradeça, e comece a criar uma distância saudável entre você e ela para voltar ao momento presente.

O meu general insistia em criar o “Hack Life Congress”, um mega congresso de corpo, mente e alma no Brasil. Mas logo percebi que isso não refletia em quem sou, nesse momento.

Ele insistia em fazer um mega lançamento milionário e vender milhares de cursos online.

Mas logo percebi que isso também não faz sentido nesse momento.

O que mais gosto é acompanhar nossos astronautas de perto. Em pequena escala. Um a um.

Adoro escrever para milhares de pessoas na sextaFilosofal, adoro fazer entrevistas para que milhares assistam na sextaFilosofal. Adoro palestrar para centenas de pessoas. Adoro transformar conceitos complexos em peças simples para levar a mesma inspiração que me move todos os dias.

Mas para chegar a essa compreensão, precisei voltar ao 0. Precisei me esvaziar de tudo que me falaram que seria o “certo a se fazer” e ficar no vazio.

Precisei separar o que era necessidade, e o que era distração, e perguntar o que faria a melhor experiência possível, não o que traria a maior escala.

Precisei voltar para a minha essência. Entender o que a minha natureza expressa de forma fácil, simples e fluida.

Ao fazer isso, o ego ficou louco.

O general crítico não poupou agressões.

Mas…. fazer o que? Ele não manda mais aqui. ;D

# portanto, pense e reflita:

O que você faz com amor e carinho (#1)?

Com simplicidade e alegria. (#2)

Com princípios e valores. (#3)

Com dedicação, disciplina e consistência. Seriedade e respeito (#4)

Focando na experiência? Não na consequência? (#5)

O que você faz, que… sem querer, acaba com uma qualidade fora de série? (#6)

Fique com isso no coração.

Como escrevi no começo, esse é o primeiro texto de uma série sobre maestria.

Se você sente que esse texto lhe ajudou a despertar um pouco do mestre dentro de você, compartilhe! Envie para uma pessoa próxima e querida. Discuta o assunto com quem está perto de você.

Ultimamente tenho experimentado colocar assuntos como esses até mesmo em grupos onde achava que não teria abertura nenhuma… e para minha surpresa as pessoas foram bem receptivas. Experimente ;D

Nos vemos na próxima semana com mais uma entrevista para você se inspirar.

Seguimos a jornada,

Renato