🎙️ // assine a sextaFilosofal:

Spotify | Apple Podcasts | Anchor | Google


ou desfrute do texto completo a seguir:

Recentemente, percebi que existia algo “errado” dentro de mim.

Percebi uma incansável busca por referências externas, por conquistas atrás de conquistas.

E por mais grandiosas e satisfatórias que fossem essas conquistas, ainda persistia um sentimento interno de vazio.

A famosa sensação de fazer por fazer, da fugo-luta, de querer fazer mais e mais, sem aproveitar o momento presente.

Treinamentos, livros, pessoas, relações, negócios, meditações, terapeutas, exercícios….

No começo, tudo era uma excitação gostosa… mas logo a lua de mel passava e vinha o sentimento de “buraco” de novo.

As poucas pessoas corajosas e sinceras que conheci em meu caminho, ao invés de passar a mão em minha cabeça, de uma maneira ou de outra falaram, de forma bem clara:

“Eu não possuo o que você busca, você precisa descobrir isso por si só. Esteja aberto para a vida e sinta o caminho.”

Acho que poucas coisas frustram tanto o ego quanto a volta para a responsabilidade.

Ao mesmo tempo em que é grandioso, pensa muito de si, e te faz parecer sobre-humano, o ego é frágil, tirano e manipulador.

Ele quer resultados, agitação e alegria a qualquer custo.

Ele busca te seduzir o tempo todo com novos pensamentos, novas ideias, novos desejos.

E como a mente é muito criativa, o negócio vai longe! Entramos em uma espiral infinita de ciladas e mais ciladas…

A última grande enrascada que entrei com meu ego foi acreditar na crença de que “eu sou auto-suficiente”, que “eu não preciso de nada nem ninguém para ser feliz”, e que “eu dou conta de tudo”.

Que “eu nunca vou ser igual aos meus pais”, “tenho medo de ser igual aos meus pais”.

Curiosamente, percebi que esse medo (de ser igual aos pais) era algo comum não só a mim, mas a diversas pessoas com quem conversei.

E curiosamente percebi que as crenças de que “eu sou auto-suficiente”,  “eu não preciso de nada nem ninguém para ser feliz”, e “eu dou conta de tudo” vieram dos meus pais, quando eles estão no pior deles.

Logo que tomei consciência desses pensamentos, eu percebi de forma um pouco mais clara como eles atrapalhavam a minha vida:

Por exemplo, se eu tinha um problema profissional, eu preferia ler a biografia do Elon Musk ou do Steve Jobs, ou procurar diversos vídeos no youtube sobre liderança e marketing, ao invés de dar um simples telefonema para o meu pai.

Se queria aprender a desenhar, pintar e cozinhar, iria atrás do melhor artista do mundo, comprar livros e assistir tutoriais na internet ao invés de simplesmente passar uma tarde com a minha mãe.

De alguma forma, a mente me convencia de que meus pais nunca eram o “suficiente”. Que o que eles tinham a me oferecer não bastava.

Que era muito mais chique postar no instagram que estava almoçando com alguém famoso, ou entrevistando alguém foda no podcast, ou ainda compartilhar receitas dos canais famosos do YouTube, do que a simplicidade do conhecimento que meus pais ofereciam.

E é paradoxalmente curioso compreender quão complexa a nossa vida pode se tornar por não aceitar a simplicidade.

Um certo dia, meu amigo apontou que eu estava confundindo “honrar pai e mãe” com “obedecer pai e mãe”.

Nos episódios de infância em que tive que utilizar da rebeldia para fazer presente a minha fala, a mente binária e absoluta guardou que obedecer é uma coisa, e honrar é outra.

Momentos de discórdia na relação com meus pais reforçaram uma programação de medo e angústia em meu sistema, que me faz querer sempre mais e ter reconhecimento.

E essa programação atua de forma doentia, olha só:

Como a figura dos pais interna não era o suficiente, a programação me fez buscar no externo, no mundo, o que fazer.

O mundo me ensinou que tudo que eu buscava estava na fama, poder e riqueza, ao invés da conexão espiritual, da essência de quem eu sou.

Esse pensamento me faz esquecer de simplesmente ser, de sair do universo ilusório criado pela mente.

Quando finalmente me tornei consciente dessa maluquice, a chave virou, e eu percebi que a vida poderia ser muito mais simples do que eu estava imaginando.

Por que diabos eu vou atrás de um livro do Elon Musk, se eu posso só sentar, almoçar com meu pai e abrir meu coração para ele?

A partir do momento em que decidi fazer esse almoço uma rotina, as decisões sobre meu momento profissional e a vida se tornaram leves, simples, divertidas, e ainda aproveito para curtir um momento a sós com meu pai.

A receita é simples: a gente senta e eu abro o coração com toda angústia, medo e incerteza que existem dentro de mim.

Meu pai me aconselha, do jeito dele, e eu simplesmente aceito tudo que ele tem a me contar. Aceito ele do jeito que ele é.

Depois disso, eu sigo feliz da vida, com uma grande clareza do que tem que ser feito.

Isso não significa necessariamente que eu obedeço 100% do que ele fala.

Se eu obedeço ele em 10% ou 100% do que ele falou, é outra estória.

Mas o simples fato de só sentar e aceitar que ele tem mais experiência que eu, me faz humilde, me faz feliz, me faz humano, me faz filho.

Eu leio o livro do Elon Musk, e agora sim, ele me traz vigor, clareza, pois está ancorado na honra que trago pelo meu pai.

A ansiedade de querer ser igual ao Elon Musk vai embora.

O mesmíssimo aconteceu com a minha mama amada.

Por que diabos eu vou atrás do “melhor artista do mundo”, do melhor masterchef, lendo livros e assistindo vídeos se eu posso simplesmente passar uma tarde com a minha mãe aprendendo as receitas que fizeram memória dentro de mim? Aprendendo a pintar e a desenhar?

Aprender dessa forma fica leve, simples, divertido e ainda aproveito para ter um momento de amor e carinho com a minha mãe, e ainda levo o Hórus, meu cachorro, para brincar com a amiguinha dele, a Arya, na casa dela.

Todo mundo ganha.

Eu leio livros, assisto vídeos e vou atrás dos melhores artistas e agora sim, eles me inspiram de verdade, pois tem lastro na honra e orgulho que carrego da minha mãe.

Quanto maior a negação das minhas origens, quanto menos valor eu dou a eles, mais eu reforço padrões de dor da infância.

E se eu reforço os padrões de dor da infância, o ego entra, para fugir da dor.

E se eu atuo pelo ego, eu repito os padrões negativos.

Se eu repito os padrões negativos, eu falho em minha missão.

E se eu falho em minha missão, eu adoeço.

É um buraco negro, de medo e escassez.

Que se repete, de novo e de novo.

Deixo de falar com meus pais, deixamos de nos ver, deixamos de nos amar.

A vida fica chata, solitária, e eu tenho que fazer um puta esforçode correr pelo mundo buscando o que eu acho que falta em mim.

Em compensação, quanto mais eu permito-me receber o amordos meus pais, mais eu permito que a capacidade de dar amor deles se amplie.

É uma roda mágica de abundância e de amor.

Quando mais aceito eles, exatamente como são, maior é a aceitação de mim mesmo.

Maior é o meu orgulho em ser o filho dos meus pais.

Essa alegria me faz ficar presente e estabelecido nas minhas virtudes e valores, que ganhei de presente deles, sem precisar dar nada em troca.

Quanto mais estabelecido nessas virtudes, menores são as incidências das partes ruins deles que, óbvio, também carrego em mim.

As crenças de que “eu sou auto-suficiente”, “eu não preciso de nada nem ninguém para ser feliz”, e que “eu dou conta de tudo”simplesmente vão embora.

E aqui entra o paradoxo: no momento em que essas crenças vão embora, eu percebo que sou sim, auto-suficiente, que não preciso de nada nem ninguém para ser feliz, e que sim, dou conta de tudo.

Mas isso só aparece por que aceito que faço parte desse contexto, eu me integro e me entrego à vida!

Por que simplesmente sou, sem me cobrar, sem me forçar a ser.

E assim posso seguir viajando, com atitude, entrega e amor. 👊🙏❤

De forma leve, simples, divertida e equilibrada.