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ou desfrute do texto completo a seguir:

Quem é você? Experimente fechar os olhos (se puder agora), por alguns instantes, e tentar sentir o que você é.
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feche os olhos! anda! não vai machucar ;D

Você consegue sentir aonde está a consciência no seu corpo?

Você consegue sentir a vida pulsando dentro de você?

Ou você ainda está preso no jogo do “Eu, Eu e Eu”?

Talvez o maior “chefão” do jogo da vida é chegar a essa compreensão.

Que o “Eu” não existe. É tudo uma coisa só.

Como você ousa chamar de “Eu” esse amontado de átomos, partículas e moléculas, compostos pelos elementos fogo, água, éter, ar e terra?

Tudo no universo apenas se transforma, portanto essas partículas que hoje fazem parte do que você ilusoriamente chama de “Eu”, há bilhões de anos atrás podem ter sido parte de uma estrela.

Voltando mais alguns trilhões de anos, “tudo” era literalmente uma coisa só.

Um grande massa de energia, o “não manifesto”, que em algum instante explodiu e deu início ao processo de construção do universo. (o Big Bang)

Você é só isso: o produto de uma explosão.

O aqui e agora, o tempo-espaço que se manifesta a você nesse exato instante é consequência de uma combinação de eventos desde o princípio da manifestação do universo.

O aqui e agora se manifesta com “você”, lendo palavras que foram escritas por “mim” alguns dias atrás.

E esse momento é perfeito, do jeito que é.

Por que é assim que deveria ser.

A combinatória da grande explosão láááááááá no comecinho fez esse momento. E pronto.

Pense no que você conseguiu alcançar em sua existência até agora.

O ser humano que você constitui.

As experiências que você vivenciou.

As risadas, alegrias, momentos de entrega diversão, leveza e simplicidade.

Perceba como é gostoso fechar os olhos e sentir isso pulsando dentro de você. Perceba que nada pode ser mais perfeito do que já o é.

E pare para pensar também, que mesmo com todos os problemas, todas as tristezas que você passou, e todos os perrengues que você está passando agora não fazem essa existência ser nem um pouco menos perfeita do que já o é.

Se você fizer o exercício corretamente você deve ser capaz de realmente sentir isso.

Do contrário, você está preso à mente, e nas preocupações ilusórias do “Eu”.

“Por que eu não encontrei meu propósito ainda”
“Por que eu não tenho $$$ para viajar pra Tailândia ou _______”
“Por que eu não encontrei meu par perfeito, (marido ou mulher)….”
“Por que eu não tenho filhos ainda”
“Por que eu odeio meu trabalho”
“Por que eu não tenho isso.”
“Por que eu não tenho amigos”
“Por que Eu isso….”
“Por que Eu aquilo….”
“Por que Eu sou isso”
“Por que Eu sou aquilo…..”

A síndrome do “Eu, Eu, Eu…..”.

O Eu é tão insaciável que ele corre loucamente atrás de mais e mais coisas para continuar essa estória infinita….. nunca acaba.

Ele sempre quer o próximo livro, a próxima experiência, o próximo emprego…. Ele nunca se contenta em simplesmente SER.

Por que ele insiste em se comparar com os outros.

A timeline do Instagram está cheia de outras estórias que parecem ser muito mais legais do que a que o Eu está contando.

Os filmes contam para o Eu a utopia máxima de que a felicidade, um dia, vai ser alcançada.

Ao perceber essas estorinhas rodando na mente, começo a dar risada…. Percebo que é hora de deixar o celular longe.

Voltar a atenção para a respiração.

Andar por aí sem destino.

Correr.

Pegar o violão e apenas tocar notas desconexas.

Escrever qualquer coisa.

Cantar.

Desenhar.

Sentir minha respiração, voltar a SER.

Voltando a SER, eu percebo que hoje sou o mínimo que poderia ser.

Em comparação com mais ninguém, mas comigo mesmo e com o universo.

Todos os eventos da explosão que ocorre desde trilhões de anos atrás me fizeram ser o que sou hoje sem qualquer esforço.

Ao perceber isso, o “Eu” aparece novamente e fica revoltado:

“Como assim? Eu sou o mínimo que poderia ser? Isso quer dizer que tenho que ser mais, muito mais!”

Por um lado, concordo com ele, do outro não.

Com todas as oportunidades que tenho em minha vida, daria pra impactar mais pessoas. Daria para ser mais feliz. Daria para ser mais isso, ou mais aquilo.

Mas por algum motivo isso não aconteceu. Por que será?

Ao perguntar “Por que?”, vejo um degrau à minha frente. Sei bem onde poderia estar.

E então vem o conflito. Será que estou acomodado?

Será que esse novo “ego espiritual” não é conformista demais de achar tudo perfeito?

E pronto… estou na conversa do “Eu” de novo.

Voltando a SER, voltando à respiração, centrando novamente, percebo que as estorinhas são ilusões, mas que são necessárias.

Só preciso aprender a lidar melhor com elas.

Se elas surgem, tem um motivo.

O motivo é simplesmente manter a explosão acontecendo, a movimentação da vida.

Eu não tenho outra opção senão atuar no mundo.

E sendo o mínimo que eu posso ser, percebo que a estorinha está me ajudando. Ela está me chamando.

Para SER mais.

Para viver mais, respirar mais, amar mais, doar mais, ajudar mais.

Trazer mais intensidade à vida.

Fazer serviço desinteressado para diluir essa noção doentia do “Eu”, no todo. Pois ao servir o outro, estou me servindo.

Ao SER mais, o sentimento de angústia, de que tenho que fazer, fazer, fazer, se transforma em alegria. Em gratidão.

Não a gratidão que tá na moda, que tudo agora é “gratidão”, da boca pra fora, assim como o coraçãozinho do instagram.

Não.

Um sentimento de plenitude, de olhar ao meu redor, ver as ferramentas que tenho à minha disposição, e trabalhar o meu melhor para SER mais.

No presente. No aqui e agora.

E curiosamente, quanto melhor consigo manter esse estado, mais o degrau à minha frente se dissolve, e com isso uma certeza de que estou andando em direção à ele.

E que, quando eu chegar lá, vai parecer que cheguei da mesma maneira:

De forma natural. Sem esforço.

Seguindo o ritmo da explosão.

Ai sim, estamos falando de hackear de verdade ;D