Durante essa semana entrei em um papo interessante sobre a questão do caminho do auto conhecimento ser uma questão de “privilégio” para “poucas pessoas” no Brasil, “privilégio de raça e de classe social”.

Eu não concordo.

Não acho que seja uma questão de privilégio.

Falo isso por experiência própria.

Eu passei por um momento em minha vida em que meditava todos os dias, fazia yoga, meditação, comia tudo que havia de melhor, orgânico, sem glúten e sem lactose, com acesso ao que há de melhor nesse mundo em todos os aspectos….

Repleto dos “privilégios”.

E ainda assim, era pobre.

Um mendigo espiritual.

Pobre de alma.

Tinha tanto apego à matéria e ao privilégio que eu me enxergava com um número. Eu enxergava que era meu salário.

Todas as pessoas que passavam ao meu redor que não se equiparavam àquele valor imaginário, àquele salário, eram automaticamente consideradas “inferiores” à mim.

Graças à vida, ao universo, Deus… o que você preferir chamar… eu tive a oportunidade de perceber essa minha pobreza espiritual.

Foi quando eu tive que formatar todo o meu sistema operacional, que tive uma desconstrução de quem eu era que comecei a conviver com as pessoas que até então eu tinha muito preconceito.

Pessoas simples, que não tinham acesso a tantos ”privilégios”.

Pessoas que praticavam Yoga e Meditação durante todo o seu dia, sem nem saber o que Yoga ou Meditação significam.

Que empregavam um nível de amor, alegria e harmonia em tudo que faziam, espontaneamente.

Foi que percebi que muitas delas estavam em um outro nível de evolução. Em um outro patamar que eu não tinha alcançado.

A mensagem que elas passavam era de uma simplicidade e de uma sabedoria desconhecidas pelo meu ser.

O amor que elas emanavam era algo que meu coração ainda não compreendia.

E eu precisei passar por isso.

Eu precisei estar no meu “privilégio” para enxergar isso, ter uma relação distorcida com ele.

Para enxergar que o privilégio de verdade é outra coisa.

Essa visão do que é “privilégio” é uma norma da sociedade.

O padrão do que é bom, ruim, certo, errado.

O privilégio entra na mesma questão.

Cada ser humano tem exatamente o que precisa para integrar a sua consciência.

Você pode se isolar em uma caverna no Himalaya, mas as suas questões serão carregadas com você.

As situações necessárias para a sua evolução de consciência irão acontecer, quer você queira ou não.

Para aprender que, no fundo no fundo, não existe certo, errado, bom, mau, privilegio, não privilégio, rico, pobre….

Tudo é uma ilusão da mente desse plano dual que habitamos.

Um bom começo seria começar a enxergar o privilégio como elevação do amor.

E que o amor não é privilégio de classe social, “raça”….

O amor é uma escolha do coração.

E praticar Yoga e meditação é praticar o amor.

Yoga é um estado de espírito, não é uma aula que você contorce seu corpo por 1h à cada semana.

Você não precisa estar em posição de lótus, olhos fechados em um Ashram para ser um yogi.

Você pode ser um yogi praticando o amor no seu dia a dia. A cada segundo.

Quando agimos por amor, nos elevamos espiritualmente.

Agindo na base do medo, na escassez alimentamos o ego.

Simples assim.