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🖖 Alô mundo!

No episódio de hoje, o mergulho é para dentro do capítulo #8 do meu livro chamado Pequenos Atos Ordinários, Vida ExtraOrdinária.

O capítulo chama-se 'O Amor é um Comportamento', e resume de forma muito bonita para mim aquela que é a mensagem mais poderosa de todo o nosso caminho – o poder de escolher amar, acima de todas as coisas.

Pronto para viajar? Pronta para viajar?

Vamos filosofar sobre a escolha de amar ♥️ – na íntegra por escrito aqui embaixo, e claro, para ouvir é só apertar play lá em cima na página.

P.S.: Se esse capítulo agregar valor na sua vida, eu te convido a mergulhar por dentro dos outros capítulos do livro.

O livro Pequenos Atos Ordinários, Vida ExtraOrdinária, oferece a você reflexões profundas para continuar navegando a vida pelos pequenos atos que realmente valem a pena se dedicar.

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livro Pequenos Atos Ordinários, Vida ExtraOrdinária

💞 capítulo #8

| o amor é um comportamento

"Amar, é olhar os defeitos do outro com olhos normais, e as qualidades com lentes de aumento." #vovó Margarida

Durante meu caminho, aprendi a cultivar a espiritualidade praticando a meditação budista (vipassana), tomando passe no centro espírita, orando o "Pai-Nosso" protestante como fazia com meus pais antes de dormir, cantando mantras em sânscrito, praticando àsanas (posturas físicas) de Yoga e lendo o Bhagavad Gita (a bíblia hindu). Foi nessa grande mistura que me encontrei, e continuo me perdendo e encontrando todos os dias.

E foi com um livro de liderança executiva, o best-seller chamado "O Monge e o Executivo", que pude abrir uma portinha dentro de mim para o amor.

Este livro me fez reconhecer pela primeira vez a mensagem de Jesus Cristo, que passou a ser referência de maestria em minha vida. Até então, Jesus, a Bíblia e tudo que se referia a um "amor universal" eram grandes bobagens para uma mente racional tomada pelo general.

O livro "O Monge e o Executivo" mostra que a essência de uma liderança saudável é o amor. Piegas, eu sei…. mas não é tão simples quanto parece. A grande sacada, o momento "Eureka!" acontece quando conseguimos ter clareza de diferentes tipos de amor: o amor pelo sentimento e o amor pelo comportamento.

A palavra amor foi há tempos desonrada em sua essência, tanto por programações e estímulos que recebemos do mundo, quanto por emoções e sentimentos atrelados ao ego em forma de carência.

Os gregos antigos, sábios que eram, usavam palavras diferentes para expressar as diversas nuances do que é o amor.

Philia, representa o aspecto do amor fraternal, aquele que você sente entre os membros de sua família e amigos. É aquele senso de honra, cumplicidade, fraternidade, aliança e colaboração, de poder contar com o outro, senso de um time unido, de uma amizade profunda.

Storge é a afeição. Aquela onde você é capaz de nutrir sentimentos amorosos, especialmente entre família.

Eros representa o amor sexual, a faísca poderosa de se perder dentro de um amor, em toda a paixão que representa. É a sensação de estar perdidamente apaixonado por alguém, é o que conduz um casal a expressar o amor fisicamente.

Philia, Storge e Eros representam formas de amor pelo sentimento.

O jogo da vida muda completamente quando entendemos o amor como um comportamento, que pode ser nutrido e cultivado, dia após dia, como um pequeno ato ordinário.

O amor como um comportamento é o amor que Jesus Cristo ensinava, o amor que os gregos chamam de Ágape.

Se você for capaz de entender a profundidade e simplicidade dessa mensagem, a sua vida poderá ser para sempre transformada.

Quando entendemos que temos a capacidade de nutrir e cultivar o amor, por pura intenção e força de vontade, ficamos livres das emoções feridas do ego e de seu jogo destrutivo. Você dá um salto quântico, como se encontrasse uma ligação direta com o seu "Euzão".

Ágape é o amor pela escolha deliberada. Um amor incondicional, que acontece sem precisar de nada em troca. Pelo comportamento e pela escolha, além do sentimento.

Isso não quer dizer que você precisa negar seus sentimentos. Pelo contrário: a proposta é senti-los plenamente, e a partir disso escolher o seu comportamento para viver melhor.

Falar em um amor pela escolha deliberada pode parecer papo de louco em um mundo tomado pela gratificação instantânea, que se entrega facilmente para emoções cheias de ego e fantasia com seu final feliz, tal qual os filmes de Hollywood mostram todos os dias. Um mundo que insiste em acolher o medo e emoções destrutivas em seu sistema, permitindo uma existência reinada por traumas.

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O amor Ágape é o verdadeiro amor espiritual, é o caminho que existe dentro do seu coração.

É o amor que transcende os altos e baixos, os picos e vales da vida, e te guia para o dever e ação corretos, onde as suas virtudes vão florescer e desabrochar.

É o amor que fará você cultivar relações duradouras, além das emoções e feridas do ego.

É o amor que faz você entender a sua natureza humana e cultivar o divino dentro de você.

A definição de Ágape mostra que a diretriz do amor é:

  • paciência
  • bondade
  • humildade
  • respeito
  • generosidade
  • perdão
  • franqueza
  • compromisso

Paciência, bondade, humildade, respeito, generosidade, perdão, franqueza, compromisso, não são sentimentos, são comportamentos!

A verdadeira experiência do amor só se revela quando você entende que não existe amor a ser conquistado "lá fora" no mundo. Você, e só você é a(o) total responsável por criar, conservar e transformar, cultivar e nutrir o amor. Dentro de si.

  • um exemplo prático:

👮 "Agir no amor? Isso é impraticável! Coisa de contos de fada!" - diria o general.

É complexo escrever sobre o que é agir pelo amor. Logo imaginamos um cenário de "mundo ideal" repleto de unicórnios saltitantes vomitando arco-íris. Isso está longe de ser verdade.

A vida é um campo de guerra, e está a todos os instantes nos presenteando com situações perfeitas para praticarmos o amor pleno.

Foi exatamente o que aconteceu comigo 10 minutos atrás:

Estava aqui, sentado, às 10h40 da manhã, depois de todo um ritual para poder sentar e trabalhar em meu melhor e a inspiração para o capítulo não saia.

Eis que entra minha esposa aqui no escritório, preocupada, falando que precisava usar o computador, pois um cliente não recebeu um produto que despachamos, e isso e aquilo.
Foi o suficiente para a raiva subir, e o diálogo interno mudar completamente:

"P**#&$#*! Acordei, tomei meu café da manhã, passeei com o cachorro, e logo agora que sentei para escrever, lá vem ela… será que ela não sabe que essa é a hora que eu tenho para escrever? Será que ela não sabe quanto está me atrapalhando? Ela não me respeita! Isso é um absurdo!! E isso, e aquilo"….

Se eu deixasse essa ladainha interna ia loonge!

Observei a raiva, senti ela plenamente, agradeci sua mensagem e respirei fundo. Chamei o "Euzão", e, ao invés de descarregar a raiva para fora, chamei a bondade, e pratiquei a franqueza com minha mulher:

"Meu amor, eu não tenho condições de lidar com essa situação agora, se eu fizer isso eu vou desfocar completamente da escrita, que é a prioridade, e você sabe como é importante a manhã de escrita para mim. Podemos ver isso depois do almoço? Eu prometo te ajudar. Pode ser?"

Essa é a mágica que acontece quando agimos no amor: ele é um caminho direto para o "Euzão", para longe do jogo emocional e reativo do ego. Ao ser franco sobre o meu compromisso com o trabalho, e não jogar a raiva para cima dela, mas garantindo o meu compromisso para com ela também, e pedindo para que nutra a paciência, todos nós saímos ganhando.

Ela pegou o computador no escritório, cultivou a humildade e paciência de poder resolver o pedido do cliente em breve, e foi generosa ao me deixar continuar escrevendo.

Com ela saindo, fiz mais algumas respirações para acalmar a criança dentro de mim que estava super ofendida por ela ter entrado no escritório e "atrapalhado o meu trabalho".

Dei 2 passos para trás dessa história do "euzinho" e cultivei o perdão. Isso fez a escrita fluir como mágica, com uma profunda gratidão ao universo e à minha mulher por me presentear com essa situação para ilustrar tantas coisas que eu precisava nesse capítulo.

Agir no amor me faz enxergar a situação apenas como mais uma situação. Sentindo as emoções plenamente, mas usando-as a serviço do amor. Sem cultivar o ego ferido.

Imagine o que teria acontecido se eu tivesse usado a raiva para cima dela? Ela iria se ofender, levar para o pessoal, achando que eu não dou bola para ela, que as coisas que ela me traz não são importantes, que o trabalho é mais importante que ela…. e eu também, iria ficar bufando por aqui nutrindo pensamentos odiosos por ela, sobre como ela não me respeita, e isso e aquilo, e tudo iria por água abaixo: a escrita, a entrega do produto para o cliente, e principalmente, e mais importante, o nosso relacionamento.

Esse foi um exemplo onde fomos bem sucedidos em agir no amor na relação. Mas… como diria um amigo: "Já foi bem pior". Já passamos por "trancos e barrancos" até aprender o mútuo respeito, companheirismo, humildade, paciência e aceitação.

Jamais podemos esquecer que somos humanos, seres em evolução. Precisamos aceitar que essa humanidade nos faz ter lapsos onde esquecemos quem somos e sucumbimos à raiva e ao ego ferido. Quando isso acontecer, o importante é agir no perdão e seguir em frente.

  • siga seu coração

"Siga o seu coração" é um jargão comum no mundo do desenvolvimento pessoal. É de fato um conselho simples e poderoso, mas é preciso cuidado, pois pode ser um mantra destrutivo para pessoas com pouco ou nenhum equilíbrio emocional e auto liderança.

Às vezes, o coração está manchado de emoções egóicas, repleto de mágoa, rancor e raiva. Nesse caso, seguir esse coração, seguir essas emoções é um caminho certo para a auto destruição.

Pergunte a uma pessoa apegada e rancorosa: "o que é o amor para você"? Já fiz essa experiência e ouvi frases que estão muito longe do que é o amor em si.

De que adianta um coração atrelado às emoções destrutivas do ego?

Patanjali, um grande rishi (ser sábio) da Índia antiga, descreve em um aforismo do Yoga Sutras:
"A mente a serviço do coração, e o coração a serviço da alma."

Patanjali defende que o ser humano deve purificar-se em corpo, mente e emoções pela prática de Yoga (de conexão com o universo) a tal ponto que "a rainha soberana, a alma, tome conta de nosso coração".

Na Era em que estamos vivendo, uma das melhores práticas para "lavar o coração" e florescer o estado de Yoga em si é servir plenamente ao amor, a Deus, ao universo, à consciência cósmica, à ciência… ao nome que fizer sentido a você.

Servir ao amor faz florescer a alma no coração, torna você um passo mais perto da consciência universal.

Para que você possa ter melhor compreensão do que é esse servir, quero trazer um conto indiano a você, que ouvi pela primeira vez da professora Lúcia Helena Galvão:

Em um tempo antigo e remoto, existia uma jovem que não era bela e nem tinha muito dinheiro. Vivia com sua avó, onde comiam aquilo que elas mesmas plantavam e colhiam, e costuravam para as pessoas da Vila em que moravam, o retrato de uma vida simples e feliz.

As pessoas que moravam na aldeia ficavam compadecidas de sua situação, e frequentemente falavam sobre jovem:

"Ela não é bela, ela é pobre, nunca ninguém vai amá-la."

Por muito tempo, corria uma história que perto da aldeia existia uma estátua de uma divindade indiana. Rezava a lenda que quando um ser humano digno passasse por essa estátua, ela despertaria e atenderia um desejo dessa pessoa.

Na época dessa jovem, algumas pessoas da Vila foram em uma jornada pela floresta e encontraram a tal da estátua. E logo criou-se um burburinho sobre quem seria o humano digno de ter o desejo atendido por essa estátua.

Muitos foram, prostraram-se perante a figura, e….. nada…. até que logo pensou-se que seria realmente uma lenda, que não deveria ser levada a sério.

A jovem, quando ouviu os boatos da aldeia que tinham encontrado a estátua, logo saiu correndo em direção à floresta, seguindo a trilha que levava a ela.

Correu o mais rápido que suas pernas poderiam, e chegou finalmente aos pés da estátua ofegante.

Eis que a estátua ganhou vida, abriu os olhos, e para a grande perplexidade de todos perguntou à jovem cansada:

"O que você quer de mim?"

A moça, igualmente perplexa, mal acreditando naquilo que estava acontecendo, respondeu:

"Não quero nada, eu não preciso de nada. Tenho uma vida plena e feliz."

"Então…. por que viestes?", respondeu a estátua da divindade.

A moça, agora um pouco descansada, levantou-se e disse:

"Eu vim para perguntar se precisa de mim para algo. O que queres que eu faça?"

Passado um breve silêncio, a estátua falou:

"Eu quero que me prometa que continuarás sendo tão humana e tão pura quanto és agora."

"Eu prometo. Tem minha palavra." - disse a moça, olhando profundamente nos olhos da estátua.

Reza o conto que nesse momento fez-se um grande silêncio na Terra, os anjos pararam e podia-se ouvir o vento pelas árvores e o farfalhar das folhas, em conjunto com uma bela ópera dos passarinhos.

O momento em que a divindade e a humanidade se encontraram.



..

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Que coisa bela, não?

Ter a plena consciência de que nossa vida é perfeita, exatamente do jeito que nos foi concedida, e que nosso dever é servir a essa força de divindade interior.

Trata-se de uma visão cósmica de mundo, de completa integração ao todo e de entender que temos um papel a ser desempenhado: usar da nossa humanidade para trazer o sagrado ao mundo pela ação, pela arte, pela convivência, pela virtude e pelo amor.

Essa completa aceitação do momento presente, representa outro tipo de amor, chamado Fati: o amor às coisas como são.

Fati vem do estoicismo e da filosofia de Friedrich Nietzsche, trata-se da aceitação integral da vida e do destino humano mesmo em seus aspectos mais cruéis e dolorosos, aceitação que só um espírito superior é capaz.

A união de Fati e Ágape nos faz unir o divino ao humano: aceitar as coisas como são, e agir pelo amor, a serviço da divindade que existe em nossos corações humanos.

Esse "servir" é como qualquer habilidade a ser desenvolvida. No começo, pode ser uma tarefa árdua…

No Bhagavad Gita, Krishna diz que o verdadeiro amor e felicidade no começo podem parecer veneno, e depois se tornam néctar.

Assim também é com o "servir": no começo, você pode até se perguntar se o que está fazendo é realmente o caminho correto.

Comigo aconteceu quando decidi servir à minha mulher, cozinhando o jantar para ela quando voltava bem tarde para casa nas segundas feiras à noite.

No começo, pela minha natureza egoísta, parecia uma verdadeira tortura: o corpo doía e o diálogo interno era perturbador:

"Você está cansado, ela se vira depois! Quem mandou ficar fora de casa até tarde? O problema é dela!"

Lá no fundo, existia algo além desses pensamentos. Eu respirava fundo e focava no amor, focava no serviço ao outro. Focava em dar o meu melhor, por mais que o jantar fosse ficar uma porcaria, por mais que ela não fosse reconhecer.

Eu sentia lá no fundo que estava praticando Yoga ao servir, estava lavando meu coração por um ato de completa devoção ao divino para reprogramar o egoísmo dentro de mim.

Meses depois, o "veneno", a "tortura" que era fazer esse ato pelo outro, transformou-se em pura felicidade. A cozinha tinha música e mantras, eu cantava e dançava enquanto cozinhava, feliz da vida por servir.

A força do amor me transformou. Transformou meu coração e fez florescer a rainha alma (aos poucos) dentro dele.

O amor é a força mais poderosa que existe.
É uma força neutra de transformação. Que tudo acolhe, tudo sente e tudo vê.

É a ponte entre o ser terreno, material, macaquinho e egóico para o ser humano divino, cósmico e transcendental.

O amor é a força que enxerga além de bem e mal, além dos altos e baixos.

É o que nos faz levantar da cama, sob todas as adversidades, sob todas as condições e nos faz sorrir, vibrar, celebrar a beleza de mais um dia.

É a força que te leva além das resistências, da auto sabotagem e dos hábitos nocivos que impedem a sua realização nesse mundo.

É além da emoção e além da racionalidade, é uma visão cósmica onde nos sentimos parte da dança do universo.

É a pura vontade de servir a esse universo, como uma forma de expressão artística de si mesmo.

Através de pequenos atos é possível sentir a mágica de SER amor:

quando agimos servindo ao amor, somos tomados repentinamente por uma profunda alegria e paz interior, encontramos realização e compreensão sobre o todo.

Entramos no estado de flow, em puro fluxo com a corrente da vida, um estado mágico que te faz louco de paixão e apaixonado pelo compromisso.

Louco de paixão pela conexão com o universo, apaixonado pelo compromisso de querer servir cada vez melhor a esse amor.

Comece agora: vá além de "sentir" o amor.

Pratique o amor. Seja o amor.

Não espere as dificuldades cessarem. Se eu tenho dificuldades e peço para que parem, eu estou no íntimo pedindo para não evoluir, estou pedindo para que o mundo deixe de evoluir.

Peça por amor, peça que ele te dê forças para evoluir o que precisa. Seja o compromisso com Àgape. Sirva ao eterno com Fati.


Por hoje, é só meus queridos, até a próxima sexta-feira, aproveite a superfície com sabedoria. ;D

Seguimos viajando 👊🏼🙏🏼💜